Joana Lopes

Joana Lopes

Vim para São Tomé e Príncipe em 1947. Tinha dezassete anos de idade quando aqui cheguei. Aqui tive os meus sete filhos. Entretanto, morreram três, mas os outros ainda vivem comigo.

Quando cá cheguei, não comecei logo a trabalhar na roça. Primeiro, fui trabalhar para uma empresa de barcos, que fazia transportes de mercadorias. Aí conheci o meu marido, que também tinha vindo para São Tomé e Príncipe com o padre Rocha. Quando o padre morreu, começámos a namo- rar e acabámos juntos. Entretanto, saí da casa da minha tia e fui viver durante uns tempos com o meu marido na Praia da Nazaré. Depois estivemos uns anos na roça de Água Izé. Por fim, pedimos transferência para Porto Alegre e, desde essa altura que aqui estou.

O meu marido, fruto dos ensinamentos de mecânica e serralharia que o padre Rocha lhe tinha dado, chegou a responsável pela oficina da roça. O dinheiro que ganhávamos apenas dava para vivermos remediados, por isso, vir para São Tomé foi mais para fugir à fome que havia em Cabo Verde. Passados estes anos todos, recebo uma pequena pensão que o Estado cabo-verdiano me manda. De São Tomé e Príncipe também costumava receber qualquer coisa, mas de há uns tempos para cá, que não chega nada. Talvez também já se tenham esquecido de nós.

Roça Porto Alegre – São Tomé

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