O 4X4 avança com esforço num terreno que, outrora, teria sido menos difícil de transpor. À medida que o tempo vai passando e a viagem vai chegando ao seu término, também as dificuldades se vão avolumando. A inevitável comparação entre este solo pedregoso, cheio de obstáculos e dificuldades, encontra eco nas vidas daqueles com quem me vou encontrar. Um ressalto mais violento desperta-me da letargia...
A situação a que se remeteram os cabo-verdianos contratados e os seus descendentes em São Tomé e Príncipe é algo que, à primeira vista, confunde e se confunde. A aceitação tácita dos condicionalismos pelos quais se pauta a vida destas comunidades é algo que não deixa ninguém indiferente. Vivem com o possível e não ambicionam outro estado que não aquele que sempre conheceram. Não é...
Américo Nascimento nasceu há 57 anos em Queimadas, no município da Ribeira Brava, em São Nicolau. Até completar a sexta classe de escolaridade, Américo Nascimento nunca saiu de São Nicolau. Depois veio o tempo do liceu e com ele a sua ida para São Vicente. Terminou o ensino secundário em 1977 ao que se seguiram dois anos como professor. Pessoa ativa e interventiva, Américo Nascimento participou e liderou alguns movimentos cívicos, sociais e políticos. Criou e dirigiu um clube desportivo em São Nicolau e, ao nível político, participou ativamente em ações da JAAC - Juventude Africana Amílcar Cabral.
António “Toy” Alves nasceu, fruto de um “coincidência”, em Lisboa, mas é em São Nicolau que tem as suas raízes e onde tem passado grande parte da vida. Filho de pai português e mãe cabo-verdiana, António Alves viveu toda a sua infância na vila da Ribeira Brava, junto com os pais. Concluídos os estudos do ensino primário, o pai — comerciante e pessoa querida em São Nicolau — enviou-o para São Vicente, para frequentar o liceu. Ali passou oito anos. Depois partiu para Portugal, para se formar em Agronomia, mas quis o destino que tal não acontecesse. O serviço militar obrigou-o a passar cinco anos na Guiné terminando assim o sonho de um dia poder ser técnico de equipamentos agrícolas. “Estudei na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém — na altura uma das melhores escolas profissionais do mundo. Era lá que me sentia realizado. Ainda hoje guardo com saudade os valiosos ensinamentos que absorvi e que se serviram para toda a vida”, lembra António Alves.
Frei Claudino Teixeira Vieira nasceu a 30 de setembro de 1980 em Nova Sintra, na ilha Brava. Os seus pais sempre elegeram os valores morais como os pilares para a educação dos seus filhos. Frequentador assíduo da igreja — que ficava mesmo ao lado da sua casa — o jovem Claudino cedo descobriu o gosto pela oração e pela meditação espiritual. A participação nas atividades da sua paróquia tranquilizavam-no e fortaleciam-no, por isso, era comum vê-lo participar em ações organizadas pelos grupos de jovens cristãos da Brava. A vida dos sacerdotes cativava-o a ponto de, ainda muito jovem, se tornar acólito e acompanhar de perto o dia a dia do pároco da sua freguesia. Não ousava expressar a imensa vocação que sentia crescer dentro de si pois, tal como recorda, “pensava que, sendo eu de origens tão modestas, nunca teria possibilidades de um dia ser sacerdote. O facto de todos os padres que conhecia serem de raça branca também criava algum constrangimento a este meu desejo. Julguei que era algo que não estava ao meu alcance”.
Natural de Chã de Poça, localidade do município do Tarrafal, na Ilha de São Nicolau, José Freitas Brito completou o ensino básico na sua ilha natal. Depois, como quase todos os sanicolauenses que ambicionam algo mais, mudou-se para São Vicente para frequentar o liceu. A próxima etapa foi conquistar uma formação superior. Partiu então para o Brasil onde se licenciou em Direito. De regresso a Cabo Verde, o jovem advogado é requisitado pelo Ministério do Trabalho. Primeiro como Delegado de Trabalho em São Vicente, onde passa oito meses, mais tarde como Delegado de Trabalho na ilha do Sal. Na ilha do Sal desempenhou ainda o cargo de Delegado da Comissão Nacional de Eleições. Teve ainda uma passagem pelo ensino secundário, onde lecionou Direito e foi professor em diversos cursos profissionais de Direito do Trabalho. Após esta passagem pelo setor público, José Freitas Brito decide abrir um escritório de advocacia que desse apoio jurídico a clientes das ilhas de São Nicolau, Sal, Boavista e São Vicente. Contudo, o gosto pelo serviço público haveria de permanecer. Concorreu, pela primeira vez, à presidência da Câmara Municipal do Tarrafal em 2008, mas perde as eleições para o seu adversário político. Não conformado com o rumo que a sua terra estava a tomar, decide candidatar-se novamente à presidência do município em 2012. Desta vez o desfecho foi diferente e, José Freitas Brito está, desde então, a cumprir o seu primeiro mandato à frente dos destinos do Tarrafal.
As notícias importantes eram, geralmente, acompanhadas por um tamboreiro. O soar do tambor era sinónimo que algo tinha, ou estava para acontecer. De forma cadenciada, e em função do teor da notícia, o tocador executava o ritmo adequado ao conteúdo da mensagem. Pelo tipo de toque empregue, sabia-se se eram boas ou más notícias. As populações reuniam-se então em local central para escutar as mensagens. Era assim há muitos anos atrás.
A Ilha Brava possui características únicas que podem torná-la num modelo de desenvolvimento sustentado em Cabo Verde. As suas paisagens intocadas, aliadas a uma cultura ímpar e secular, tornam-na potencialmente vocacionada para atrair um turismo diferenciado de alto valor acrescentado. Esse tipo de turismo pode potenciar o aparecimento e o desenvolvimento de outras atividades conexas que vão da restauração à hotelaria, passando pelo artesanato, comércio e os agronegócios. Contudo, a Brava enfrenta o mesmo tipo de desafios que o resto de Cabo Verde. O desafio da unificação do mercado é, talvez, o mais gritante. Sem se ultrapassarem estas limitações, dificilmente a Brava se poderá afirmar como uma plataforma de prestação de serviços e de fornecimento de bens no país.
Lígia Dias Fonseca nasceu em Moçambique, na cidade da Beira, em 1963. O seu pai, político e conceituado advogado moçambicano, cedo lhe incutiu os valores pelos quais se havia de reger ao longo da vida e com os quais adotou como uma forte consciência política do papel que os cidadãos desempenham na sociedade. Em 1976, devido às conturbadas condições políticas, a família abandona Moçambique e instala-se...
Ulrika Richardson nasceu no sul da Suécia. Proveniente de uma família com longa tradição nas áreas da saúde e educação, formou-se em Psicologia Social e, mais tarde, em Economia de Desenvolvimento. Sempre foi uma apaixonada por grandes viagens. Quando mais jovem, percorreu quase todo o mundo. Numa dessas viagens teve a oportunidade de trabalhar na Guiné-Bissau o que lhe fez despertar o gosto pela ação...