Ornella Moro – “Sinto-me em casa”
30 Nov 2013

Ornella Moro – “Sinto-me em casa”

 

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Ornella Moro é italiana. Em 2003, sem nunca ter vindo a Cabo Verde, resolveu investir num apartamento numa ilha que não conhecia. Quando surgiu a oportunidade, resolveu finalmente tirar férias e conhecer a Ilha do Maio, onde se situava o seu novo apartamento. Gostou imenso da tranquilidade e da simpatia dos seus habitantes que a faziam sentir como que em família. Apesar de estar no estrangeiro, sentia-se como se aquela ilha num país para ela desconhecido fizesse parte da sua Itália. Decidiu abandonar o banco privado onde trabalhara mais de 17 anos e mudar-se, junto com o marido, para o Maio. Uma decisão arriscada da qual Ornella Moro não se arrepende.

Ornella Moro

Quando chegou à Ilha do Maio, Ornella Moro ficou deslumbrada. A natureza, a paz, a tranquilidade e, acima de tudo, a simpatia das pessoas entusiasmaram-na. O investimento que tinha feito nos apartamentos turísticos numa ilha para ela, até então desconhecida, tinham-se revelado uma boa aposta. Gradualmente, o ramo da imobiliária, foi assumindo cada vez mais importância na sua vida. A construção civil para fins turísticos estava no seu auge, e Ornella, com o seu entusiasmo conseguiu motivar muitos estrangeiros a investirem no Maio.

No ramo imobiliário, quem investe na Ilha do Maio são essencialmente formado por reformados e pensionistas europeus, que, devido às excelentes condições climatéricas, ao sossego e à possibilidade de contacto direto e permanente com a natureza, encontram aqui um excelente porto de abrigo para os meses mais frios dos seus países de origem. Residem na ilha essencialmente de outubro a abril. A omnipresença do mar é motivo de satisfação para a maioria deles, possuidores de pequenas embarcações com as quais se entretêm a pescar e a passear ao longo das magníficas praias que formas a costa da ilha. Depois de passado o inverno europeu, regressam aos seus países, especialmente a Itália, Inglaterra e Alemanha.

Para Ornella Moro, o turista do Maio é alguém especial. Contrariamente aos turistas da Boa Vista ou do Sal, que preferem passar uma semana num hotel com todas as condições e onde o sistema all inclusive é norma, quem escolhe o Maio é alguém que privilegia o contacto com a natureza e que, apesar das dificuldades com os transportes e com a falta de algumas comodidades, prefere a simplicidade de vida, o relaxe e a paz de espírito. Para estes, a Ilha do Maio é o paraíso na terra.

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Ornella Moro

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A proposta do Governo de Cabo Verde em tornar a Ilha do Maio num ponto turístico internacional, à semelhança do que já acontece com as ilhas do Sal e da Boa Vista é, segundo Ornella Moro, uma resolução que deveria ser mais bem repensada. Em sua opinião, o modelo de operação dessas grandes cadeias internacionais não deixa muitos proveitos para o povo cabo-verdiano. Os turistas que optam por esses modelos com todas as despesas incluídas, quando chegam a Cabo Verde já pagaram todas as despesas que irão fazer, o que deixa pouca margem para os empreendedores locais, o que faz com que o desenvolvimento económico das populações que acolhem esses projetos são seja o desejável.

Contudo, para Ornella Moro, o ambiente paradisíaco que se vive na ilha vem com um preço. O isolamento e a deficitária rede de transportes para o Maio fazem com que as estadias se tornem incertas, dependendo dos transportes marítimos e aéreos cujas frequências são reconhecidamente insuficientes. Também ao nível dos cuidados de saúde há algumas preocupações. Apesar da Ilha do Maio ter inaugurado há três anos um novo Centro de Saúde, na opinião de Ornella este é visivelmente insuficiente para acudir a casos mais graves que possam ocorrer. Se a esta necessidade juntarmos a incerteza dos transportes, que impede uma eventual evacuação rápida de um doente para a ilha mais próxima, Santiago, então as preocupações, potenciadas pela elevada faixa etária dos turistas que habitualmente frequentam a ilha, tornam-se reais e constrangedoras.

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Ornella Moro

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Mas o trabalho de Ornella Moro na Ilha do Maio não se fica pela venda de imóveis. O aluguer e a manutenção dos investimentos feitos pelos seus clientes ocupam-na, atualmente, a maior parte do tempo. Em conjunto com a sua irmã, gere as reservas efetuadas no estrangeiro e sempre que pode, acompanha e presta assistência presencial aos hospedes que tão calorosamente acolhe.

Atualmente, Ornella Moro gere mais de 60 condomínios na ilha. A manutenção dos investimentos é uma atividade que não pode ser descurada. Apesar dos custos de manutenção serem relativamente baixos, (fruto da prestimosa ajuda do seu marido que, na Itália, era canalizador de profissão, o que facilita a realização de pequenos arranjos) há necessidade de uma constante vigilância, principalmente na rede de abastecimento de água que, segundo Ornella, é o ponto mais sensível das construções turísticas que foram realizadas em meados da primeira década de 2000. Apesar desta atividade não lhe trazer muitos benefícios económicos, permite-lhe continuar a habitar de forma quase permanente a ilha que tanto gosta.

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Ornella Moro

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Mas nem só de condomínios e turismo é feita a vida desta italiana que um dia se apaixonou pelo Maio. A ação social ocupam-na durante os seus tempos livres. Todos os anos, em conjunto com a Câmara Municipal do Maio, Ornella Moro organiza uma festa de Natal para as cerca de 450 crianças dos jardins infantis do Maio. É um trabalho social que a deixa realizada e que lhe permite sentir-se plenamente integrada na comunidade maiense.

A integração que Ornella Moro já conseguiu conquistar, é expressa na luta permanente que trava para conseguir melhores condições de vida para o Maio e para todos os maienses. Recentemente, encabeçou um passeio de protesto pela falta de condições que o porto marítimo da Ilha do Maio apresenta, o que impossibilita que outros navios atraquem e, com eles, os produtos e os bens necessários à sobrevivência de toda a população. No entanto, admite que o povo do Maio é demasiado brando e não expressa publicamente os seus anseios e reivindicações, limitando-se a viverem o dia a dia, sem grandes perspetivas nem visão do futuro.

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Para o futuro, Ornella promete continuar a sua luta por melhores condições de vida para todos os maienses. Melhores condições de acessibilidades externas à ilha e melhores condições de apoio à saúde, continuarão a ser as suas principais reivindicações. Apoiar o desenvolvimento da ilha permitindo melhorar as condições de vida de todos os que a habitam e visitam, continuará a ser o objetivo que persegue, para que possa dizer, cada vez com mais orgulho, “sinto-me em casa!”.


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