16 Jun 2012
O associativismo é o segredo para o sucesso do empresariado nacional
Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços de Barlavento
Há 12 anos à frente dos destinos da Câmara de Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços de Barlavento (CCIASB), Manuel Monteiro, consultor financeiro de profissão, é um presidente empenhado em proporcionar uma nova dinâmica ao associativismo dos empresários do Barlavento.
As Câmaras de Comércio são uma realidade ainda recente em Cabo Verde. As primeiras a serem constituídas apareceram nos finais da década de 90. Inicialmente, foram criadas duas, uma para a região do Norte e outra para o sul do país. Neste momento, há já uma terceira, vocacionada para o comércio e o turismo, que se encontra sediada na Ilha do Sal.
Como se encontra representada a CCIASB na zona norte do país?
A sede da CCIASB está localizada na cidade do Mindelo, em São Vicente, embora tenhamos delegações nas outras ilhas, nomeadamente em Santo Antão e no Sal. Mantemos presença em São Nicolau na Boa Vista e Maio através de representações, feitas normalmente por um dos nossos associados, embora este modelo, por vezes não funcione tão bem quanto seria desejável, como tal estamos empenhados em criar delegações em todas as ilhas da região do Barlavento.
Que ações estão a ser implementadas por parte da CCIASB, para reforçar o interesse dos seus associados?
Acabámos de fazer a fusão entre a CCIASB e a Associação Comercial do Barlavento. É uma forma de reforçarmos os nossos interesses conjuntos, pois uma vez que tínhamos atividades idênticas, achámos por bem reunir competências e associarmo-nos num único organismo, o que permitirá potenciar mais e melhor as nossas atividades.
Quais as razões de fundo que levaram a essa fusão?
Acima de tudo foi um pedido dos associados das duas instituições. A Associação Comercial era uma instituição octogenária. A própria Câmara de Comércio foi incubada na Associação. No entanto, como a CCIASB tem uma atividade mais alargada e abrange mais ilhas, concluiu-se que não valia a pena ter duas instituições a fazer a mesma atividade. Apesar de toda a sua história, a própria Associação estava a perder dinâmica.
Os próprios associados saem beneficiados com esta fusão, pois, primeiro pagam apenas uma quota única, e depois podem usufruir de uma série de serviços que a Associação Comercial não exercia. Em conjunto, com os mesmos meios e com mais associados, poderemos fazer mais e melhor. Foi uma solução em que todos saíram a ganhar.
No atual quadro legislativo, o governo fez sair uma lei que regulamenta a atividade comercial e industrial. Como é que a CCIASB pode auxiliar estas medidas do governo?
Cabo Verde tem sofrido grandes alterações ultimamente, não só pela dinâmica do próprio cabo-verdiano, como também, pela entrada do país na Organização Mundial do Comércio. As câmaras de comércio têm sido um parceiro de excelência na implementação das reformas que o nosso governo tem vindo a aplicar. Um exemplo concreto, foi dado a quando da introdução do IVA, em que as câmaras acompanharam o aparelho estatal na divulgação junto da comunidade empresarial, demonstrando a necessidade do governo na introdução deste novo imposto.
Também ao nível do licenciamento comercial, as câmaras de comércio têm sido parceiros privilegiados do Estado. Atualmente, este tipo de licenciamentos, pode ser feito nos nossos balcões. Tal permite uma desburocratização dos processos e um ganho extraordinário em termos de tempo e eficiência. É o próprio Estado a referir que o licenciamento feito pelas câmaras de comércio é mais célere e mais eficaz. Fruto desta experiência e dos bons resultados obtidos, está igualmente em estudo a possibilidade de executarmos igualmente os licenciamentos industriais. Neste impulso que se pretende dar à nossa economia, as câmaras de comércio têm tido um papel proativo, contribuindo de forma efetiva para os objetivos do governo.
Em termos efetivos de procura de parcerias com investidores externos, como tem contribuído a CCIASB para valorizar a posição geoestratégica de Cabo Verde, nomeadamente como centro privilegiado para a captação de indústrias de transição ou mesmo entrepostos comerciais e de mercadorias?
É a Cabo Verde Investimentos – uma instituição do Estado – que tem por missão a coordenação do investimento externo no país. No entanto, muitas vezes quando um empresário estrangeiro pensa investir, começa por solicitar informações junto das câmaras de comércio, pois estão em todo o território nacional. Em função do que nos é perguntado e atendendo ao estatuto de investidor externo, fazemos o seu encaminhamento para este organismo nacional. Contudo, podemos auxiliar nos estudos económicos e nas análises de mercado, fornecendo uma visão mais particular do mercado aos investidores externos.
Relativamente à questão de valorização do país como um centro estratégico de distribuição, dou-lhe o exemplo dos 10 anos de parceria que mantemos com o Brasil. O empresário brasileiro, vê atualmente Cabo Verde como um importante parceiro para escoar e distribuir os seus produtos para o continente africano. Penso que se pode aproveitar a estabilidade e segurança política de Cabo Verde, como forma de incentivar os empresários a criarem os seus entrepostos de distribuição no nosso território. Contudo, também existem alguns problemas operacionais que é preciso ainda ultrapassar, nomeadamente ao nível dos transportes. Houveram alguns projetos de intercâmbio que não avançaram, como, por exemplo, com Angola, por falta dessas carreiras marítimas regulares, que têm sido bastante constrangedoras para a implementação dos investidores estrangeiros.
Mas sempre que temos oportunidade, quer seja em missões empresariais que efetuamos a outros países, quer seja através de protocolos de cooperação, divulgamos e promovemos o potencial de Cabo Verde, para se poder tornar num importante hub de distribuição para o continente africano.
À medida que os projetos vão sendo implementados, como é feita depois essa parceria com os investidores externos?
Quando o processo burocrático do projeto termina, o investidor, de uma forma geral, associa-se a uma câmara de comércio, precisamente pela nossa dinâmica e por sermos profundos conhecedores da realidade do mercado. Embora se possam criar empresas no dia, há depois certos pormenores no terreno que demoram o seu tempo, e nós podemos ser uma mais-valia para o arranque efetivo dos projetos.
Para quando o arranque do Centro Internacional de Negócios?
O Centro Internacional de Negócios é mais um exemplo de como as coisas, apesar de legisladas, quando passam à prática, por vezes não funcionam como o esperado. Apesar de a lei ter saído em janeiro de 2011, ainda não funciona, pois não foi regulamentada. Quem o deve gerir é a Cabo Verde Investimento em parceria com a FIC – Feira Internacional de Cabo Verde. No entanto, nenhuma destas duas entidades possui competências de base para desempenhar esse papel, pois este não é o seu objeto social. A conclusão a que se chegou foi que, quem possuía as melhores condições e competências para a execução do projeto era o Parque Industrial do Lazareto, que apesar de pertencer à Câmara Municipal, tem uma participação da CCIASB e uma percentagem de 30% do Estado cabo-verdiano.
Além de vir a receber o futuro Centro Internacional de Negócios, que outros planos têm para o Parque Industrial do Lazareto, que se encontra atualmente estagnado?
O problema do Parque Industrial do Lazareto começou pela forma como foi estabelecida a fixação das empresas. Inicialmente utilizou-se o modelo de concessão do espaço, onde os empresários tinham que arrendar a área ocupada. Esse modelo revelou-se um problema à implementação das empresas. Entretanto, negociou-se com o Estado a possibilidade de se adquirirem os terrenos, por forma às empresas se sentirem mais motivadas ao investimento. Esse modelo já trouxe alguns resultados animadores, com a instalação de algumas unidades industriais. Com a crise mundial, algumas empresas que estavam a operar, começaram a deslocalizar e algumas delas até a fechar. Tem sido um projeto que tem avançado em contraciclo. Apesar das dificuldades, os terrenos do Parque Industrial do Lazareto estão praticamente todos reservados, por isso, estamos confiantes que, num curto espaço de tempo, o parque recomece novamente a operar e a captar novos investimentos, pois foi criado precisamente com este objetivo.
Que mensagem deixaria aos empresários, nacionais e externos, que queiram investir em Cabo Verde?
Em relação aos empresários nacionais, que façam mais uso do associativismo como forma de aumentarem o seu volume de negócios. Cabo Verde é um país pequeno, e se os empresários ainda tentarem fazer as coisas de modo individual, ainda o tornam mais pequeno. O associativismo pode ser a chave para, por exemplo, as importações conjuntas, em que os volumes negociados serão forçosamente maiores e em que os custos associados serão repartidos. Esse associativismo, poderia levar até à formação de uma Central de Compras conjunta, em que os empresários poderiam negociar outras condições financeiras mais vantajosas, e isso era bom para o país.
Para o investidor estrangeiro, sugeria que visitasse Cabo Verde e visse as potencialidades do mercado. A nossa estabilidade política é por si só uma garantia que, qualquer investimento feito no país, é um investimento seguro. Aliando a este fator, a amabilidade do nosso povo – sempre pronto a ajudar – o clima estável e temperado, e um sistema pouco burocrático, faz com que Cabo Verde seja hoje, um dos países africanos mais interessantes para se investir, pois certamente não se irão arrepender.
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Caros,
Coloco-me à disposição para o seu evento!
Palestrante: Salvador Serrato
http://salvador-serrato-gestao-empresarial.blogspot.com.br
Perfil
● Gestor Administrativo Financeira nos segmentos da: Indústria, Comércio Serviços:
SEBRAE SP > ARNO S/A SEB > CREDIPAULISTA Coop Crédito Func Publ Est SP > CASA ANGLO BRASILEIRA > 3ICOM > S2 CONSULTORIA > ARNOCOOP Coop Crédito
● Consultor, Palestrante, Facilitador e Professor
Formação Acadêmica
● MBA Gestão Empresarial > FGV SP
● Pós Graduação ADMINISTRAÇÃO, ênfase em FINANÇAS > FECAP Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado,
● Graduação BACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS > Universidade Capital –SP
Tema: Gestão Empresarial e ou escolha
Na expectativa de realizarmos, em conjunto, um trabalho de qualidade, aguardo o seu retorno,
Cordiais Saudações,
Salvador Serrato
55 011 9616-4732