01 Out José Silva – Resnascer o cultivo do café no concelho dos Mosteiros
Exemplo de empreendedorismo e competência, José Silva, jovem agrónomo natural do Fogo, desde cedo se interessou pela planta do café, cultivada tradicionalmente nos Mosteiros, e que ainda hoje muito tem a oferecer a Cabo Verde. Formado em engenharia agrónoma pelo Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, José Silva sente-se orgulhoso e motivado, por poder contribuir para o renascer de uma indústria, que até à pouco tempo, encontrava-se estagnada e em vias de desaparecer.
O café da ilha do Fogo, sempre foi considerado de excelente qualidade. No tempo colonial, ganhou prémios e medalhas. Era considerado o melhor café do império. No entanto, com o passar dos anos, o investimento neste setor foi decaindo, o que fez com que o seu cultivo, deixasse de ser rentável. Conforme diz José Silva, “o setor precisa urgentemente de investimentos, pois a par da idade de algumas plantas, faltam investimentos na correção dos solos e na modernização dos equipamentos de transformação e embalagem”.
Contudo, uma nova esperança para o setor, proveniente de um consorcio holandês e cabo-verdiano, parece surgir em prol do desenvolvimento desta atividade com muitos anos de tradição. Investir nas áreas pós-colheita, através da modernização de meios, será uma prioridade a curto prazo. A substituição das plantas velhas é o passo seguinte. Conforme refere o agrónomo, “pretendemos introduzir 200 mil novas plantas nos próximos anos, que serão entregues, a título gratuito. Os proprietários só têm de aderir ao projeto, disponibilizar o terreno e deixarem-nos fazer todo o trabalho de levantamento de condições do solo, para que as plantas se possam fixar corretamente. Com estas medidas, pensamos ter, dentro de 10 a 20 anos, melhorias significativas ao nível da produção.”
Desde 1999, que existe uma associação de produtores de café na ilha do Fogo. O objetivo é a defesa dos interesses comuns e a valorização do produto. A associação conta com mais de 100 elementos, com uma produção média anual de 50 toneladas. O processo, é ainda muito artesanal, o que faz com que, por falta de articulação entre os diversos produtores, o preço final do produto seja elevado. “Todo o processamento é feito numa base rudimentar, caseira, tornando o resultado final muito dispendioso. No entanto, estamos numa fase de transição e modernização, com a instalação de algumas máquinas novas. Penso que será um marco e uma viragem para a produção do café na ilha do Fogo”, refere José Silva.
Há igualmente projetos para a instalação de máquinas nas zonas altas de produção, o que contribuirá, de forma significativa, para a redução de custos. O processo permite ganhar tempo, o que significa ganhar dinheiro. Tal como explica o engenheiro agrónomo, “o processo que se pretende implementar nas zonas produtivas das montanhas, consiste na introdução de máquinas ecológicas que reduzem o consumo de água a partir do momento em que a colheita é feita e, imediatamente, fazem a debulha do café, o que o torna de melhor qualidade. Nesse aspeto, acho que estamos no bom caminho.”
A formação é uma outra aposta do projeto. Produtores e futuros colaboradores, em parceria com especialistas brasileiros, receberão formação sobre os novos equipamentos e a melhor forma de os rentabilizar.
A mudança de mentalidades é, contudo, um dos maiores desafios que o projeto de modernização enfrenta. A maioria dos produtores, são pessoas com alguma idade, que vêm a rentabilidade do projeto como algo que “já não é para o seu tempo”. Se a este pormenor, acrescentarmos o facto de muitos dos seus herdeiros não se interessarem pela atividade, verificamos que poderá vir a registar-se um problema de continuidade, contudo, conforme refere José Silva, “aos poucos, a maioria vai aderindo à ideia, porque o projeto foi desenvolvido a pensar neles eles. Todos ficam a ganhar.”
O tempo decorrido entre a plantação e o momento em que se começa a colher os primeiros bagos, é também um dos problemas para o desenvolvimento desta atividade. Conforme explica o técnico, “desde que as sementes são colocadas em viveiro, até que se atinja um nível rentável de produção, poderá demorar até 20 anos. Como os proprietários têm 50, 60 anos, preferem manter as plantas velhas para não terem nenhuma despesa, mesmo que a produção seja residual, pois acham que demora demasiado tempo a tirarem rentabilidade das novas. Por isso é que a replantação tem de ser feita de uma forma gradual, eliminando as plantas velhas e substituindo-as pelas novas, evitando-se assim quebras de produção. Ao substituirmos as plantas velhas por novas, mantemos a sustentabilidade do sistema e deixamos uma herança às gerações mais novas.”
A produção de café, na ilha do Fogo, concentra-se essencialmente nas zonas altas dos Monteiros, onde o terreno é mais fértil e a produção é maior. Essas áreas poderão eventualmente ser alargadas para as zonas mais baixas do concelho, desde que haja disponibilidade de água para a irrigação. Segundo José Silva, “esse é o maior desafio relativo à expansão das áreas de cultivo. Juntamente com o ministério da agricultura, vamos tentar fazer uma experiência e ver até que ponto é rentável ter cafeeiros irrigados”. O sucesso desta experiência será determinante para os objetivos de produção futuros, em que, das atuais 50 toneladas, se pretende passar para as 300 toneladas ano.
O futuro da atividade passa pela captação de jovens produtores. Apesar de ser um desafio, José Silva está confiante no sucesso da iniciativa, pois conforme refere, “hoje em dia, com a crise de emprego, os jovens têm de procurar cá dentro soluções que lhes deem alguma garantia, e a agricultura, sobretudo aqui no Fogo, possui novas potencialidades, quer seja no domino das agroindústrias, quer na pecuária ou no agroturismo. Para que os jovens mudem essa mentalidade e passem de uma agricultura de subsistência para uma agricultura empresarial, terá de haver algum trabalho de sensibilização e motivação a par com alguns apoios técnicos e financeiros”.
Elevar o café ao patamar de outros produtos agrícolas, tal como o vinho, que cresceu valorizado pelo apoio dos seus produtores e das entidades locais, é um dos objetivos de José Silva. Criar uma verdadeira indústria do café, “onde se introduza valor acrescentado ao produto, realizando todas as etapas da cadeia produtiva – deste o cultivo até à exportação do produto acabado – é o grande objetivo do projeto, pois impulsionará o setor, criará emprego e riqueza para toda a ilha do Fogo”.
Júlio
Posted at 21:48h, 07 SetembroMuitos parabéns,
Sou Júlio Gomes, jovem do concelho dos Mosteiros, e sempre foi o meu sonho ajudar o meu concelho a desenvolver, e estou a desenvolver um trabalho do fim do curso com esse tema de estudo, de áreas com potencial para plantação do cafeeiro no concelho do Mosteiros e gostaria muito se podermos entrar em contacto para discutirmos algumas ideais sobre o cultivo do cafeeiro no concelho.
Esse é o meu e-mail pessoal
Juliohandy1989@gmail.com
Aguardo o seu contacto
José Silva
Posted at 01:02h, 03 NovembroBoa noite caro Júlio
Obrigado pelo elogio ao artigo e ao trabalho que foi desenvolvido na área do cafe dos Mosteiros. Fico feliz por ver jovem natural dos mosteiros interessado nessa área. Com certeza que Mosteiros sai a ganhar com a tua contribuição. Terei todo gosto em ajudar te na elaboração desse trabalho.
Meu email : jsilva.fogo12@gmail.com
Abraço
Sara
Posted at 17:03h, 12 OutubroParabens!!!
Helder Tavares
Posted at 23:13h, 11 Outubroe
Estas de Parabens “Jose Silva”,Todos os Mosterenses esta Satisfeito e orgulhoso com sua belas ideias e criatividade no seu trabalho,tento em conta com novas metodoligia na area ,novas formas de cultivos do nosso café e tamem de levar o nosso café a conhecimento do mercado internacional.