30 Set Jorge Martins – Investir mais nas artes cénicas
Pioneiro na ilha de Santo Antão, o grupo Juventude em Marcha foi formado em 1984, tornando-se o mais ativo de Cabo Verde. Criado pelo presidente e fundador Jorge Martins, mestre em Ciências Sociais, o grupo contava no início com mais de trinta elementos de todas as faixas etárias, adquirindo um papel notório na cultura cabo-verdiana e reconhecimento a nível internacional. Atualmente, o grupo possui uma escola de formação contínua, que recruta muitas crianças e jovens através de uma seleção criteriosa.
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Elementos fundadores e participantes do Mindelact, fizeram também parte do seu corpo diretivo. “O Mindelact veio trazer mais ânimo, mais conforto e mais dinamismo para o teatro cabo-verdiano, havendo vários intercâmbios com diversos atores de diferentes companhias de teatro”, refere Jorge Martins. Acredita também que a existência de mais grupos de teatro em Cabo Verde seria gratificante, porque haveria uma concorrência forte e saudável que ajudaria a aperfeiçoar a qualidade e a forma de intervenção dos atores. Por isso, incentiva os grupos de artes cénicas a prosseguir. “Deviam dar oportunidade aos mais jovens, com outras ideias, para tentar mudar o rumo dos acontecimentos, com a contínua colaboração das pessoas mais experientes. Devíamos ter esses profissionais como conselheiros, dando a voz e a vez aos que estão sedentos de darem a sua contribuição. Seria fundamental que esses jovens pudessem ter essa oportunidade”, alerta o ator.
No entanto, também é necessário da parte dos jovens um espírito de liderança, pois é notório o seu receio de tomar uma ação decisiva. “Sou ator, encenador, diretor de atores, faço quase tudo, inclusivamente na parte de construção de cenários; tento trabalhar na indumentária do grupo e nos adereços. Tenho de estar sempre presente, porque os jovens não querem assumir a liderança; têm medo de agir e de decidir”, critica Jorge Martins, construtivamente, para chamar a atenção dos jovens.
Contudo, “os apoios dos patrocinadores são praticamente nulos”, refere. É com a simplificação e o investimento nas produções e indumentária que o grupo tem criado os espetáculos. “Também temos recorrido a créditos bancários. Com as receitas dos espetáculos, pagamos as dívidas e investimos na produção seguinte. O grupo tem sobrevivido, basicamente, com as receitas dos espetáculos”, acrescenta.dores, sem ser necessário recorrer sistematicamente à repetição das peças. Contudo, mesmo sem as condições ideais, o grupo consegue sobreviver. “O segredo reside na nossa determinação, na nossa vontade de querer produzir, querer elevar a nossa cultura, e de preservar os seus valores”, confidencia Jorge Martins.
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Sendo uma profissão exigente e repleta de renúncias pessoais, a satisfação plena do ator está na interpretação fidedigna da sua personagem, levando ao público uma representação perfeita da mensagem que se pretende transmitir. Embora o dom natural seja importante e intrínseco a cada um individualmente, o trabalho de entrega do ator é essencial, visto que “se for necessário sofrer, mostrar muito sentimento, muita dor, chorar, nós vivemos as cenas e sentimos que, nesse momento, estamos a sofrer. Se for para rir, esse papel tem de ser realizado com total naturalidade como se a personagem que estamos a desempenhar, existisse. Saímos do real para o imaginário, mas esse imaginário é como se fosse real, porque retratamos a realidade nua e crua das pessoas”, explica Jorge Martins.
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Presentemente, o grande sonho que o grupo Juventude em Marcha ambiciona alcançar, depois de ter sido convidado a representar repetidas vezes na Europa e na América, é atuar no continente africano, mais concretamente em Moçambique, devido há existência de grandes companhias de teatro que lá se encontram. Embora essa vontade ainda não tenha sido satisfeita e trazendo a profissão de ator inúmeros sacrifícios, “um famoso provérbio diz que água mole em pedra dura tanto bate até que fura e nós, como cidadãos cabo-verdianos, teremos muito a sacrificar, mas seremos condignamente recompensados com a afirmação da nossa identidade”, termina.
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