18 Mar 2021
Francisco Veiga
Sou o Francisco Veiga, mas aqui todos me tratam por Chico. Vim para São Tomé e Príncipe com dois anos e uns meses. Vim com a minha mãe em 1964. Como ela tinha sido contratada em Cabo Verde, e como eu era muito bebé, ela resolveu trazer-me com ela.
Nunca saí daqui. Gostava muito de conhecer a minha terra, de ver os sítios que a minha mãe descrevia, mas não tenho condições para poder realizar este sonho.
Antes de ter sido atropelado por um automóvel, era técnico de botânica. Era especializado nas doenças das plantas, tal como os fungos e as moléstias. Depois tive o acidente e a minha vida mudou. Já lá vão 24 anos! Desde essa altura que tenho que rastejar.
Agora tenho 53 anos e vivo de caridade. Peço esmola em terra de pobres. Ainda consigo arranjar forças para ir fazendo alguns trabalhos, como pisar milho, ou capinar o chão. São trabalhos que os meus vizinhos me arranjam para eu me ir sentindo útil. Vivo com a minha mãe, que já tem 81 anos, e que ainda cuida de mim. Quando ela partir, não sei como vai ser a minha vida.
Uba Buda- São Tomé