Complementaridades
29 Jul 2016

Complementaridades

Ao longo da história do pensamento político, o conceito de Sociedade Civil foi usualmente utilizado como uma das esferas da relação dicotómica entre o Estado e a sociedade, relevando a complexificação, diversificação e fragmentação das diferentes formas de manifestação, as quais sempre foram tema de grandes debates e inquietudes. Cabo Verde não é exceção, por isso, procurámos trazer esta temática, não como uma mera matéria social de reflexão, mas através de relatos e ações concretas da Sociedade Civil, expressas muitas vezes na primeira pessoa, as quais nos revelam a existência de um alinhamento e uma complementaridade na relação do Estado com as organizações, sejam estas nacionais ou internacionais e que, em conjunto, procuram dar respostas às solicitações dos cidadãos mais carenciados, marginalizados ou auto marginalizados da nossa sociedade.

Nos últimos quarenta anos, Cabo Verde tem podido contar com o importante apoio das Nações Unidas, beneficiando da sua cooperação através de diversos programas considerados importantes e fundamentais para o desenvolvimento do país. A par com outras organizações não-governamentais, esta colaboração e cooperação tem permitido minimizar e melhorar o nível de vida de muitos cidadãos e comunidades cabo-verdianas. Esta conjugação de esforços tem procurado dar a melhor resposta aos problemas que ocorrem no dia-a-dia das famílias e da sociedade, no entanto, é opinião generalizada que, nesta relação de complementaridade, “há ainda muito por fazer e a melhorar”.

A todas estas sinergias de cooperação se junta a voz da Primeira-dama de Cabo Verde que, como cidadã atenta e sensível aos constrangimentos sociais, não se inibe de intervir ativamente nos problemas que afligem as famílias cabo-verdianas nas áreas em que é solicitada e, para as quais, julgue oportuna e conveniente a sua contribuição, quer através de ações concretas, quer ao nível da sua esfera de influências.

Termino citando a extraordinária entrevista que o escritor Arménio Vieira, galardoado em 2009 com o Prémio Camões pela sua excelência literária, nos concedeu e na qual nos recorda: “Rendermo-nos é mau! Nunca nos devemos render nem dar os factos como consumados, pois a história pode mudar quando menos se espera. Veja-se o caso dos Claridosos: quando parecia que o milagre dos Claridosos tinha terminado, eis que aparecem escritores como Corsino Fortes, ou mesmo eu! São tudo fases”. É com este pensamento e coragem que antevejo melhores dias, na expectativa de resultados ainda mais positivos, quer através de ações promovidas pela sociedade civil cabo-verdiana — venham elas de cidadãos anónimos, instituições nacionais ou das organizações não-governamentais — as quais, em conjunto, reforçam significativamente os pilares do Estado Democrático.

Luís Neves
Diretor


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