17 Mar 2021
Daniel Tavares de Pina
Nasci na ilha do Príncipe a 7 de Maio de 1966. Sou filho de pais cabo-verdianos. Tal como tantos outros que Ncabo-verdianas, o facto é que nasci em São Tomé e Príncipe.aqui estão, sou são-tomense, pois apesar de ter raízes O meu pai partia pedra no Príncipe e a minha mãe vendia peixe. Era frequente ela vir até São Tomé vender peixe. De- pois resolveram vir para cá.
Um dos grandes problemas do país é a falta de emprego. Eu trabalho na construção, mas nesta altura o setor está para- do, por isso, tenho que sobreviver com recurso a trabalhos mais precários. Tenho oito filhos. Três moram comigo aqui no Uba Budo e os restantes moram na cidade.
Com a atribuição da nacionalidade são-tomense aos cabo-verdianos que aqui estão há mais de quarenta anos, há a perspectiva das coisas poderem mudar. A partir do momen- to em que pudermos votar como cidadãos são-tomenses, esperamos que as nossas condições de vida melhorem. Com a nacionalidade são-tomense, somos por direito filhos da terra e podemos reivindicar direitos básicos, como por exemplo, termos energia aqui na roça, que é coisa que ain- da não temos e que muita falta nos faz. Se quisermos ter um frigorífico para guardarmos a nossa comida, não podemos; se quisermos assistir aos noticiários da televisão, não po- demos. Isto também acaba por nos fazer sentir, de alguma forma, excluídos. Vivemos dos nossos pequenos lotes de terra e pouco mais.
Roça Uba Budo – São Tomé