09 Ago 2016
Autoemprego — Solução para os níveis de desemprego nacional
Arlete Monteiro é uma dona de casa diligente. A lide doméstica e o acompanhamento escolar dos seus dois filhos ocupam-lhe grande parte do tempo. Em dias de mar revolto, o seu marido, pescador de profissão, nem sempre consegue angariar o sustento familiar, por isso, Arlete empenhou-se em aprender um dos ofícios mais reconhecidos da Ilha Brava: os bordados. Atualmente, as suas peças são já uma referência em toda a ilha, havendo quem as compre para oferecer além-mar, principalmente nos Estados Unidos da América.
Ter uma atividade complementar com a qual pudesse contribuir para o orçamento familiar, fez com que Arlete Monteiro se interessasse pelos tradicionais bordados da Ilha Brava. Juntamente com a sua filha, que quando tem disponibilidade a ajuda, Arlete Monteiro ocupa todos os tempos livres na manufaturação de diversas peças que, sempre que pode, vende.
A Ilha Brava e, em particular, a cidade de Nova Sintra, é famosa pelos seus bordados. Apesar de não ter tido formação nesta área, a curiosidade e a vontade de fazer, levaram Arlete Monteiro a experimentar. Inicialmente, limitava-se a copiar modelos que via expostos na cidade, mas, há medida que foi ganhando confiança com o trabalho produzido, começou a desenvolver os seus próprios modelos. Começar exigiu-lhe alguma força de vontade, pois sem alguém que a ensinasse, muitas vezes teve de fazer, desfazer e voltar a fazer até se dar por satisfeita com o produto final.
Um conjunto de seis peças leva normalmente uma semana a produzir. Apesar de ser uma atividade que lhe dá muita satisfação, Arlete Monteiro reconhece que não tem tempo para poder explorar outros mercados. São os clientes que compram que acabam por fazer a divulgação dos produtos, em particular os bravenses emigrados nos Estados Unidos da América, o que faz com que grande parte dos produtos que produz acabem por ser exportados para aquele país.
Todos os materiais utilizados por Arlete Monteiro são comprados na Brava e, tal como diz, “em poucas quantidades, que o dinheiro não dá para investir muito.” É, alias, a dificuldade financeira para aquisição de matérias-primas que dificultam a produção em maiores quantidades. Antes de iniciar a produção de uma encomenda, geralmente é adiantado uma percentagem que serve, precisamente, para a aquisição da matéria-prima. Depois é aproveitar todos os momentos disponíveis para produzir e para ensinar a arte dos bordados à filha mais velha.
Além da filha, Arlete Monteiro está a ensinar igualmente a irmã e um grupo de mulheres da igreja. Fomentar o autossustento destas mulheres é o seu principal objetivo e, tal como afirma, “quantas mais mulheres existirem na Brava a ocuparem os teus tempos na manufatura dos bordados, melhor para todos”, apenas lamentando que, apesar de existir um espaço cedido pela Câmara Municipal para a venda destes produtos artesanais, ainda não haja uma associação capaz de reunir as mulheres bravenses em torno desta atividade.
Embora com algumas dificuldades, Arlete Monteiro pretende continuar a impulsionar esta arte, pois como diz, “apesar dos bordados não darem para enriquecer, sempre ajudam a melhorar as nossas condições de vida, e isso, é importante.”