Construções Oásis, Lda. – O empreendedorismo e a persistência de uma nova geração.
11 Mai 2014

Construções Oásis, Lda. – O empreendedorismo e a persistência de uma nova geração.

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Aristides Mosso Brito e João José Tavares foram colegas no curso de engenharia civil na Universidade do Porto, em Portugal. Enquanto estudantes foram consolidando a ideia de, um dia mais tarde quando regressassem à Boa Vista, constituírem uma empresa de construção civil. Os planos correram conforme o desejado e, em março de 2007, nascia a Construções Oásis, Lda., atualmente uma das maiores construtoras da Boa Vista.

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Recém-licenciados e ainda com pouca experiência no mercado de trabalho, Aristides Mosso Brito e João José Tavares agarraram a oportunidade que, em 2007, se lhes deparou ao terem a possibilidade de colocarem em prática os conhecimentos adquiridos no curso de engenharia civil. Apesar de ser a sua primeira obra, começaram em grande: um prédio de três pisos com 30 apartamentos.

Embora com todas as dificuldades iniciais, o sonho de gerir um empresa de construção civil sua começava a tomar forma. Convencer os clientes a entregarem os seus projetos a uma empresa nova no mercado, com profissionais em início de carreira, foi a parte mais difícil. O financiamento para a aquisição de materiais e equipamentos foi outra das dificuldades com que inicialmente se tiveram de confrontar. Tudo tinha de ser pago a pronto, o que, para quem está a começar uma atividade e numa área de investimento intensivo, torna tudo mais problemático. No entanto, a determinação e a convicção inabalável que tinham no seu projeto, permitiu a estes dois jovens e empenhados empreendedores ultrapassarem as dificuldades iniciais. Além da área de negócio da construção civil, a Construções Oásis, Lda. opera ainda no setor de imobiliária, aluguer de equipamentos e gestão de condomínios. No entanto, atualmente, o maior volume de negócios é proveniente do setor da construção.

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João José Tavares

João José Tavares

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Com aproximadamente trinta efetivos, a empresa aposta essencialmente no modelo de empreitadas. Conforme refere João Tavares, “a opção de trabalharmos em regime de empreitada permite-nos flexibilizar o número de contratados em função da tipologia de obra a executar. Inicialmente tínhamos quase duzentos efetivos, o que nos acarretava encargos descomunais inviabilizando o crescimento da empresa.”

Para efetivarem com sucesso esta estratégia, a Construções Oásis, Lda. tem vindo ao longo dos últimos anos a adaptar-se às novas realidades do mercado da construção civil que não é imune à crise financeira global e que fez com que o número de obras diminuísse significativamente. Segundo Aristides Moço Brito, “a estratégia da empresa passou por criar uma estrutura interna flexível capaz de, no terreno, controlar o trabalho ao nível da qualidade e dos prazos de execução. Para tal, por cada obra que nos é adjudicada, temos chefes de equipa fixos com experiência e que primam pela qualidade do trabalho executado”, diz o administrador. Também a subcontratação é outra das estratégias que a empresa está a utilizar para mais facilmente se adaptar às novas realidades do mercado.

Uma das vantagens competitivas da empresa perante a concorrência é o facto de estar preparada para executar internamente todas as fases de um projeto de construção civil. Desde o levantamento topográfico, ao projeto arquitetónico, infraestruturação, construção e acabamentos a Construções Oásis, Lda. orgulha-se de estar preparada para responder de forma efetiva e nos prazos acordados às solicitações mais exigentes. Geralmente, é a empresa que apresenta os projetos ao cliente, responsabilizando-se por todas as etapas da construção, no entanto, há clientes que já possuem projetos próprios os quais a empresa executa segundo os cadernos de encargos previamente definidos. Esta versatilidade tem contribuído para o sucesso da empresa, mas não só. A qualidade dos materiais utilizados nas edificações é outro dos fatores que têm destacado a atuação da mesma. “Quando falamos em qualidade, falamos também do que depende diretamente do trabalho da empresa, independentemente da qualidade dos materiais de acabamento. Sabemos que a mão-de-obra qualificada encarece qualquer projeto, apesar disso, apostamos na qualificação e na formação contínua do nosso pessoal. Enviamos frequentemente pessoal para formação e, hoje em dia, possuímos encarregados de obras com cursos especializados. Além disso, e apesar de sermos os donos e os administradores da empresa, todos os dias passamos nas obras e acompanhamos no terreno os trabalhos desenvolvidos, dialogando e trocando opiniões profissionais com os nossos colaboradores”, refere João Tavares.

Com uma carteira de clientes essencialmente estrangeiros, a maioria da Europa, Aristides Brito lamenta o facto de os grandes projetos nacionais, nomeadamente o projeto Casa Para Todos, serem sempre entregues às mesmas empresas. “Apesar dos preços pagos nesses projetos serem muito esmagados, são sempre oportunidades de trabalho para as empresas nacionais, contudo, são muito poucas as empresas cabo-verdianas que conseguem esses contratos com o Estado, o que é mau para um setor que está a atravessar uma crise profunda”, queixa-se o administrador. Sobre esta seletividade do Estado em adjudicar contratos a empresas nacionais no âmbito do projeto Casa Para Todos, João José Tavares afirma que,”como foi feita uma linha de crédito internacional – que é dinheiro que teremos de pagar com juros – e como aceitámos as condições que nos impuseram para obtenção desse crédito, obriga-nos, como país, a aceitar o pacote todo, isto é, os materiais que se compram para essas obras têm de vir todos de Portugal e as empresas que executam o projeto são maioritariamente estrangeiras. Penso que o Governo cabo-verdiano tinha condições de assumir uma posição diferente no sentido de ajudar mais as empresas nacionais, mas isso não aconteceu”, e conclui afirmando que, “apesar da Construções Oásis, Lda. não ser uma empresa muito grande, devia ter uma oportunidade de mostrar que é capaz de participar em obras de grande envergadura, contudo, as regras impostas para esse projeto obrigam-nos a ter 49% no consórcio de empresas construtoras, o que inviabiliza a participação de muitas das empresas nacionais”, lamenta.

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Aristides Mosso Brito

Aristides Mosso Brito

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Em relação ao futuro, os dois administradores estão esperançosos. Embora a conjuntura económica não seja das melhores, acreditam ser possível criar condições para um desenvolvimento sustentável na ilha da Boa Vista mas, conforme afirma Aristides Brito, “tem de haver algum investimento por parte dos governantes, pois para se criar um outro cenário diferente do atual é necessário ser-se mais atrativo para os investidores. Não basta ter boas praias e condições climatéricas fantásticas; se um potencial investidor chegar à ilha e se deparar, por exemplo, com esta zona do Estoril – uma área totalmente descampada, sem iluminação e pejada de construções anárquicas sem o mínimo de planeamento – pensa duas vezes antes de investir o seu dinheiro. Quando as pessoas investem, nomeadamente na área do imobiliário, regra geral é para venderem lá fora e, para se conseguir vender, têm normalmente que vender um pacote completo que seja atrativo. Há falta de investimento por parte do Governo e falta de organização por parte das autarquias. Apesar de estarmos numa época de crise financeira, o dinheiro não é tudo: é preciso planeamento e iniciativas e há empresas nacionais que podem contribuir e ajudar a minimizar esses constrangimentos”.

Saber aproveitar todas as oportunidades investindo em recursos humanos qualificados, tecnologia de ponta e colocando a qualidade em primeiro lugar tem sido a chave do sucesso da Construções Oásis, Lda. Apesar de não ambicionarem construir uma empresa demasiado grande cuja gestão lhes poderia fugir do controlo, os dois administradores estão orgulhosos com o trabalho obtido até ao momento. O reconhecimento pelo trabalho alcançado e pelos padrões que empregam nos seus projetos chegou-lhes em janeiro de 2011 onde, em Genebra, foram galardoados com o prémio International Quality ERA Award na categoria ouro, pelo empenho e qualidade nos empreendimentos realizados. Este reconhecimento internacional credibilizou ainda mais a construtora e motivou profundamente estes jovens empreendedores.

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construes oasis lda

Entrega do prémio International Quality ERA Award na categoria ouro

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Contornar as dificuldades atuais do setor através da procura de projetos alternativos, como por exemplo, a construção para particulares e o aumento da participação na mediação imobiliária são, a curto prazo, as estratégias de crescimento definidas pelos dois administradores. No entanto, e apesar das dificuldades atuais, acreditam na competência e na capacidade de resistência das empresas nacionais. A quem está agora a iniciar a sua carreira, lembram que “é preciso acreditar honrando sempre os compromissos assumidos de forma séria e honesta. Só assim se ganha a confiança dos clientes e parceiros. É importante ter ideias, projetos e iniciativas, mas é igualmente importante ter competência para os colocar em prática e cumprir com o que tiver sido acordado.”


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