Agostinha Lopes Vaz

Agostinha Lopes Vaz

Nasci na vila do Tarrafal, em Santiago. Não sei o ano em que nasci e tam- bém não sei quantos anos tenho. Vim para cá ainda garota. Trabalhava no contrato de branco. Depois voltei a Cabo Verde e, pouco tempo depois, fiz novo contrato e voltei. Pari cinco filhos aqui em São Tomé e Príncipe e não voltei mais a Cabo Verde.


No tempo do branco fiz todo o tipo de trabalho. Comecei a trabalhar ainda era menor de idade. Ainda hoje trabalho. Tive uma vida de escravi- dão. Para quê? Continuo pobre, nem a miséria da pensão de São Tomé e Príncipe recebo. Já pedi, mas eles dizem que não tenho direito à pensão. Por pena, Cabo Verde manda-me algum dinheiro de três em três meses, mas é pouco, não dá para quase nada.


Gostava de um dia voltar a ver a minha terra, mas não sei como poderia algum dia isso acontecer. Não podia ir de barco pois a minha cabeça come- ça a andar à roda. Tenho que me segurar a este bastão, que anda sempre comigo, ou pedir ajuda a algum dos netos mais novos. Ainda há uns dias caí e fiquei aleijada do pé. Aqui não há quem nos acuda.

Dependência Novo Destino – São Tomé

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